segunda-feira, 9 de junho de 2014

ESTRUTURA POLÍTICO-SOCIAL

    Há uma grande dificuldade encontrada na terminologia a empregar se para exprimir as instituições da maior parte dos povos africanos. Os estudiosos distinguem de modo bem geral, três tipos de organização política em que se poderia enquadrar as sociedades africanas: as anarquias, as chefaturas e as hegemonias.
As anarquias são estruturas sociais sem comando político central obedecendo somente a costumes sancionados apenas pela religião ou pela moral. As anarquias africanas são sistemas notavelmente equilibrados, estáveis, flexíveis e coerentes.

    A chefatura inicia-se quando uma família com maior prestigio estende sua autoridade sobre os demais. A família dominante fundamenta sua preponderância na existência de um antepassado maios ou menos legendário, “as famílias asseguram-se com frequência a colaboração dos cronistas profissionais que conservam (ou inventam) a lembrança dos antepassados, fundam assim parte de sua autoridade sobre o monopólio da tradição, que sabem guardar para sempre.

    As hegemonias (estados, reinos ou império) se sobrepõem às chefaturas, trazendo com sigo uma hierarquia administrativa, um fisco e um exército. É certo que, em vários momentos algumas cidades estenderam suas hegemonias por um espaço maior do que o de suas fronteiras, porém não se deve pensar em um estado organizado e estruturado politicamente como foram os impérios de Mali e Songhai.
No caso Iorubá as próprias cidades, e algumas aldeias sob suas influências formavam aquilo que foi chamado de reino, ou seja, elas deveriam possuir suas próprias linhagens dinásticas e guardavam uma relativa autonomia política com relação as outras. Os Iorubás nunca chegaram a constituir um império centralizado, no qual uma cidade dominasse politicamente às outras.

    Primitivamente parece que o rei, símbolo e portador da vitalidade de seu povo era designado para um período de sete anos, septênio, que em última instância, podia renovar-se uma vez, mas que também era suscetível de ser abreviado em caso que as faculdades físicas e mentais do soberano diminuíssem, ameaçando com este desfalecimento a prosperidade de seu povo. Um conselho de anciãos, velhos ou notáveis, fazia-lhe então a entrega de uma taça que continha ovos de papagaio, comunicando-lhe que deveria suicidar-se, se fosse necessário prestavam-lhe auxilio. Isto representa um expediente que visava evitar a tirania, a arbitrariedade e a ambição insaciável e estabelecia um “absolutismo compensado”.

Foto: O Palácio de Oba, na cidade de Benin, antiga capital do reino Ioruba.

    Nas outras “cidades-reinos” iorubás existia um rei ou chefe local, chamado de oba, que deveria ter, muitas vezes, sua posição legitimada pelo Alafin, de Oyo, e pelo Oni, de Ifé. Em geral, a autoridade desses dois “reis sobre os outros chefes era apoiada no mito de criação da Terra por Odudua e a subseqüente dispersão de seus dezesseis filhos que criaram os outros reinos iorubás”. Como boa parte da sociedade era definida por linhagens patrilineares nas quais, a ligação originava-se das conexões dos laços de parentesco com as origens a partir de um ancestral divinizado a escolha da chefia da cidade se revestia de certa disputa entre as famílias que a ocupavam. Os bales, que eram, a princípio, chefes de linhagens, poderiam se tornar futuros reis ou chefes das cidades, dependendo da escolha do Conselho de Notáveis que era, na verdade, quem decidia o destino da sucessão local.


    Apesar de existirem relatos de chefias femininas em tempos imemoriáveis quase sempre eram homens os ocupantes desses cargos. Nesse aspecto, estabelecia- se outra marcante diferenciação da sociedade iorubá com relação à questão do gênero. Mesmo que as mulheres fizessem parte dos cultos religiosos, dos festivais anuais e de algumas atividades públicas, as principais funções religiosas e cargos políticos eram ocupados por homens, assim como a chefia das famílias, das linhagens e das cidades. No próprio clã, além do nome do ancestral, as mulheres recebiam outro, justamente para diferenciá-las dos homens.

    Constituíam sociedades tipicamente urbanas, tinham algumas das cidades mais populosas da África subsaariana. Com relação aos dados populacionais, os historiadores revelam que alguns núcleos urbanos da região atingiram dimensões de grande porte, com populações de milhares de pessoas.

    Cada uma dessas cidades (planejadas) era dividida em bairros governados por um chefe seccional, cada uma dessas cidades possuía os seus nichos sagrados, o seu palácio real, as suas praças de mercado, os seus lugares de reunião, onde o governo da cidade podia tratar dos seus assuntos e o povo discutir as novidades do dia. Cada uma delas tornara-se famosas pelos seus artífices, que trabalhavam em diversos ofícios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário